A INTERATIVIDADE NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

 
Embora INTERATIVIDADE seja o fenômeno elementar das relações humanas, entre as quais estão as educativas, seus pressupostos não são comumente abordados.
INTERATIVIDADE por si só, nas relações comuns e universais, já é complexa o suficiente para exigir o concurso de fundamentos sociológicos, psicológicos (da educação e social), linguísticos, semióticos, para não falar em fundamentos históricos ou antropológicos. INTERATIVIDADE depende da cultura do grupo.
No caso da Educação à Distância, o problema se agrava, porque o material instrucional é o mesmo que vai ser estudado por muitas pessoas, cada qual limitada, de certo modo, por sua cultura grupal/social. É uma dificuldade a ser enfrentada e, sem dúvida, passível de superação, no caso de se ter o cuidado de estar sempre atento à realidade das diferenças individuais.
Interagir com pessoas que têm diferentes princípios de vida, costumes, habilidades, conhecimentos, precnceitos, limitações, escolaridade e objetivos exige atenção e flexibilidade para localizar e procurar resolver dificuldades, bloqueios, incompreensões, objeções, etc... Não será incomum o surgimento, no processo de troca, de mensagens duplas, paradoxais, falsas, contraditórias ou incompreensíveis.
Como a educação é um processo de comunicação mediatizada, no caso da EAD, o texto, que é uma mensagem, está, automaticamente, sujeito às incidências das dificuldades referidas, exigindo, extamente por isto, maior cuidado na elaboração didática e nos demais passos do processo, a fim de evitar a interferência negativa dos diversos fatores em jogo. A interação, em EAD, não se dá apenas entre o aluno e material instrucional, alunos entre si, alunos e tutor, alunos e instituição de ensino. Dá-se, também, entre os demais elementos que compõem o universo do aluno (história de vida, família, trabalho, classe, outros grupos a que pertença). E é com a conjugação destes fatores que a EAD permitirá a auto-estruturação e a autodireção do aluno --- metas básicas de qualquer curso que se ministre.
Diante da diversidade, é preciso atenção para valorizar as diferenças, estimular idéias, opiniões e atitudes, desenvolver a capacidade de aprender a aprender e de aprender a pensar, assim como levar o aluno a obter o controle consciente do aprendido, retê-lo e saber aplicá-lo noutro contexto. A orientação e a diretividade são fundamentais para que o material instrucional realize o objetivo que deve caracterizá-lo.
Distância não é epenas espaço físico, mas também psicológico, social, lógico, cultural, econômico, filosófico, entre outros. Em função disto, deve-se considerar que:
alunos de EAD são adultos com uma história de vida que inclui conhecimentos, experiências e habilidades. Não são indivíduos passivos. Ao contrário, são críticos, exigentes e conscientes de suas metas --- não obstante as exceções. Não aceitam, como receptores apáticos, um conhecimento "pronto e acabado", sem questionar e sem argumentar;
trazem sua bagagem pessoal de habilidades e experiências, que se traduzem:
nas matrizes de comunicação, produto de sua formação pessoal/familiar, onde a interação se foi marcando, de modo que cada um interpreta, conceitua e assimila o processo relaiconal segundo sua visão pessoal (estereótipos, representações sociais, crenças, hábitos);
nas vinculações à comunidade de que faz parte, lembrando que tal comunidade é composta de subgrupos locais e regionais de diversos tipos, como familiar, profissional, religioso, social;
o diálogo (INTERATIVIDADE), representado pelas mediações pedagógicas que se estabelecem entre os elementos do processo (alunos e material instrucional, alunos e tutor/instituição, alunos entre si), é uma função crítica na aprendizagem. O diálogo depende, portanto, de como, quanto, onde, quando, " o aluno tem acesso às informações para construir seu saber ";
todo o material educativo tem que ser permeado pela ética; no caso da modalidade de EAD, ela se torna o ponto central, pois é preciso que os alunos se sintam respeitados, atendidos, valorizados, bem recebidos e benquistos, não sob o formalismo do trato profissional, mas, em se tratando de educação, principalmente, sob a cordialidade e o repeitoso atendimento que, sem dúvida, há de suscitar neles o comportamento recíproco.;
A interatividade envolve "as mediações que constituem o tratamento dos conteúdos e das formas de expressão e relação comunicativa, que possibilitam a aprendizagem à distância". Nela se destacam os seguintes fenômenos interativos: 
as áreas de conhecimento e a prática da aprendizagem por parte do aluno;
a elaboração didática e gráfica (forma e conteúdo) de programas e materiais dos alunos;
os tutores e os alunos e os alunos entre si (círculos de estudo), vinculando ou não por tecnologia diversa (inclusive, interação virtual, via correio eletrônico) a diversos contestos.
Considerando-se que o processo de Educação à Distância se dá entre humanos, é preciso que todos estejam preparados para administrar conflitos, contradições e dilemas em qualquer fase do processo. Minimizar ou ignorar esta realidade é negar o próprio contexto em que se vive, em qualquer setor: familiar, profissional, educacional, social, etc... Tê-los como dados concretos da realidade humana é já estar no caminho de lidar com eles e de resolvê-los. 
( Extraído do livro EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA, da Professora Claudia Landim )