Pronuncimentos do Presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a Educação
..."A escola precisa voltar a ser o centro do processo de ensino.
Escola não é só a função do professor - e a recuperação dos seus salários, principalmente no ensino básico.
É muito mais do que isso.
É o lugar de convivência onde a ação dos pais, a solidariedade do meio social, a participação do aluno e do professor e uma boa administração se somam para formar cidadãos.
Para dar o salto que se impõe no limiar do novo milênio, não podemos mais conviver com o analfabetismo e o semi-analfabetismo em massa.
É uma pobre ilusão achar que o mero consumo de quinquilharias vai nos fazer "modernos", se nossas crianças continuarem passando pela escola sem absorver o mínimo indispensável de conhecimento para viver no ritmo da modernidade.
Chega de construir escola faraônicas, e depois enchê-las de professores mal pagos e mal preparados, junto com estudantes desmotivados e sem condições materiais e psicológicos para terem um bom aproveitamento.
Para exercermos na plenitude nosso mandato de acabar com a miséria, é preciso também acabar com a miséria espiritual.
Que os meios modernos de comunicação nos ajudem nessa tarefa."
(Posse no Congresso Nacional - Brasília, 01/01/95)
..."Se nós quisermos fazer do Brasil um país mais justo e desenvolvido, precisamos garantir um ensino de boa qualidade para que as crianças tenham um bom aproveitamento, passem de ano e realmente aprendam.
Educação de qualidade é a prioridade número um do meu governo. Para isso, a primeira providência é garantir que o dinheiro do Governo Federal para o Ensino Básico chegue diretamente, sem desperdícios nem desvios, a cada uma das 200 mil escolas da rede oficial. Assim, sobrarão mais recursos dos estados e municípios para melhorar o salário dos professores. Isto é muito importante!."
..."A segunda providência é preparar os professores para que eles possam ensinar melhor. O Governo Federal tem um instrumento fabuloso para isto, que é a Televisão Educativa. Nós estamos criando um Sistema Nacional de Educação a Distância e vamos incentivar a instalação de um aparelho de TV em cada escola da rede oficial. O custo disso está ao alcance da maioria das comunidades. Através desse sistema os professores terão programas especiais de aperfeiçoamento e os estudantes terão programas para ilustrar as aulas e tornar o estudo mais interessante.
A terceira providência é melhorar a qualidade do material didático. Todo ano o Governo Federal compra 58 milhões de livros para fornecer aos estudantes. Só que a qualidade dos livros deixa a desejar. E a distribuição costuma atrasar. O que nós estamos fazendo nesta área é organizar melhor o sistema do livro escolar, para encomendar livros que atendam melhor às necessidades dos alunos e para que, a partir do ano que vem, não haja atraso na distribuição.
A quarta providência é definir o conteúdo do Ensino. As matérias que cada escola terá de ensinar obrigatoriamente, em todos os estados, de norte a sul do Brasil, para que as nossas crianças tenham um ensino de boa qualidade.
A quinta providência é avaliar as escolas. Todo ano o Ministério da Educação vai aplicar testes em alunos de todo o Brasil, não para aprovar ou para reprová-los, mas para ver se as escolas estão ensinando bem, verificar quais são os pontos fracos do ensino e premiar as escolas que apresentarem os melhores resultados.
..."A educação é importante demais para ser uma preocupação só do Governo. Ela tem que ser o objetivo de toda a sociedade. Os pais devem acompanhar e estimular o estudo dos filhos em casa, e não se acanhar de pedir informações e participar da vida da escola."
(Cadeia Nacional- Brasília 07/02/95)
..."Uma boa universidade depende de um bom curso básico e secundário. Fora disso são ilhas de excelência. A universidade não finca o pé no solo, realmente, do povo, se ela não está sendo o produto de um esforço mais geral que começa pelo ensino básico."
(Reunião com o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras - Palácio do Planalto, 15/02/95)
.."Se nós quisermos, efetivamente, como queremos, melhorar a condição social do povo, a educação é fundamental. No futuro, quem não tiver instrução básica não terá emprego, não terá emprego e essa educação básica vai ter que implicar, inclusive, em lidar com computador, porque a tecnologia avançou muito e os excluídos do futuro serão os excluídos do saber. É preciso que nós nos alertemos para isso. Quem, realmente, quer combater a exclusão social, tem de dar condições de desenvolvimento básico ao estudo, à criança. E nós estamos preparando todos os programas para isso. A partir do ano que vem, temos de criar a mística da educação."
(Hotel Jatiúca , Maceió/AL, 20/11/95)
..." Nós também sabemos, todos, que o caminho para, efetivamente, alargar-se o caudal democrático, passa pela igualdade de oportunidades. E essa tem muito a ver com a escola. Por isso estamos insistindo tanto num programa educacional ativo, no Brasil, que vá para o nível mais fundamental, que é a escola primária"
(Assinatura do Decreto População Negra, Palácio do Planalto, 20/11/95)
..."Eu quero que o ano que vem (1996) nós todos juntos criemos uma mística pela educação, que seja o grande ano da educação nacional, que estes jovens que aqui estão nos ajudem nisso, que participem com o espírito de missão a ensinar a ler e a escrever, a utilizar os instrumentos melhores da tecnologia, porque um povo, que amanhã não for capaz de saber funcionar um computador, vai ser um povo que vai no desespero gritar palavras de ordem que já ninguém mais escuta e não vai entender mais nada. Pelo contrário, se o povo for, como será, educado, capacitado, vai ser um povo que vai olhar um para o outro, vai olhar para seus governantes cobrando, sim, mas feliz porque tem confiança, não no governante, em si mesmo, e sabe que juntos faremos o que o Brasil precisa, um grande país para essa juventude poder deixar a seus filhos mais do que nós deixaremos aos nossos netos."
(Inauguração da Ponte Wall Ferraz, Teresina/PI, 24/11/95).
..."A idéia orwelliana do horroroso mundo novo não está se configurando. Está se configurando um mundo onde a potencialização da liberdade é maior. Há condição de que exista um cidadão educado, que tenha formação, que seja capaz de operar sistemas e capaz, também, de selecionar as informações e formar seu juízo próprio. Então, de novo, ou nós faremos isso na nossa escola, desde a escola primária, ou nós estamos condenando uma parcela grande dos brasileiros à exclusão desse novo milênio que está se aproximando."
(Solenidade de Assinatura de Decreto do Ministério da Educação, Palácio do Planalto, 24/11/95).