A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA EFICIENTE
(Texto baseado no artigo
APRESENTAÇÃO ÁUDIO-VISUAL EFICIENTE)
STUART S SAGEL, Washington University School of Medicine RUTH G RAMSEY, University of Chicago School of Medicine AJR 156:181-187,January 1991) "O cérebro humano começa a trabalhar no nascimento,e nunca mais para,até que você se levanta para falar em público" Praticamente todos os estudiosos, seja na escola, no ensino universitário ou na vida privada, algum dia terão que falar para uma platéia. Esta apresentação pode ser feita em nível nacional, ou para um grupo local de colegas ou estudantes, ou mesmo para uma platéia de leigos. Sem dúvida alguma, qualquer conferencista deseja deixar uma impressão favorável e ter sua mensagem transmitida de maneira eficiente. Por azar, a falta de familiaridade com técnicas educacionais básicas impedem tal realização. A transmissão de informações pode se perder num pantanal de material desorganizado, incompreensível ou irrelevante. Podem ser usadas transparências ou slides que são complexos, que podem não ser compreendidos ou mesmo lidos pela audiência. Uma preparação adequada pode ajudar quase todos a corrigir e evitar tais problemas e mesmo a superar a ansiedade natural ligada ao ato de falar em público. Preparar e transmitir uma apresentação com áudio-visual satisfatória não é uma tarefa fácil. É necessário gastar uma grande quantidade de esforço e tempo para que o sucesso ocorra. Mesmo os oradores mais experientes, que fazem suas apresentações se tornarem ilusoriamente simples, trabalharam longa e duramente para desempenhar um excelente papel. A imortal Mensagem de Gettysburg, de Abraham Lincoln, que contém 10 sentenças, com um total de 271 palavras, incluindo 202 de uma sílaba, e que é lida em 2 minutos, requereu 3 dias de preparação laboriosa (ela não foi rabiscada no verso de um envelope enquanto ele estava em uma viagem de trem). Este artigo foi elaborado com a finalidade de prover informações práticas e de ajuda no planejamento e preparação - de uma apresentação eficiente. Conferências medíocres podem ser evitadas se certas regras forem seguidas. Na realidade, nossas recomendações são oferecidas como roteiro, mesmo em ocasiões em que são firmemente exprimidas, são dogmáticas ou então controversas. PREPARAÇÃO Audiência Todas as vezes em que alguém é convidado para fazer uma conferência, a primeira pergunta deveria ser: "De que maneira será composta a platéia: quantas pessoas, variação de idade, conhecimento e nível de experiência"?. O tema e conteúdo podem então serem desenvolvidos sob medida para este grupo. A quantidade de detalhes técnicos, os tipos de exemplos e os objetivos principais irão variar dependendo se a platéia é composta de especialistas no assunto ou um grupo de leigos. É praticamente impossível repetir a mesma conferência para uma platéia tão díspar. Tema O tema escolhido deve não apenas ser importante para a platéia a que se dirige, como também deverá ser apresentado no tempo concedido. O conferencista deve decidir se o tema será de larga abrangência ou se terá um foco estreito. Após selecionar o tópico, o próximo passo crítico é delinear os limites apropriados. Um nível mais ou menos definido deve ser mantido, e o conteúdo de informação deve ficar dentro desses limites. Na decisão do que incluir, os pecados por excesso batem de longe os pecados por omissão. A maior parte dos conferencistas, aí incluídos inclusive aqueles com muita experiência, tentam incluir em suas apresentações o maior número possível de informações. Com medo de deixar alguma coisa de fora, o conferencista tenta espremer juntos o comum, o infreqüente e o extremamente raro. Enfatize as regras gerais. É exemplar o professor que, confiando na sua experiência do que a platéia pode estar deixando de apreender, deixa de lado as minúcias, e reforça aquilo que é prático e provável de ocorrer. Detalhes exaustivos e listas enciclopédicas devem ser deixados para livros-texto, que devem ser relativamente completos. Apresentar um tema livre é um desafio especial, tão árduo quanto o trabalho científico de pesquisa que precede a apresentação. Horas intermináveis de pesquisas devem ser condensadas numa fração de hora, geralmente 10 a 12 min. Com um tempo tão curto de explanação, a seletividade deve ser rigorosa. O conferencista não deve cair na armadilha de supor que a audiência entende tanto do assunto quanto ele. É melhor deixar insatisfeitos alguns sofisticados ouvintes dizendo que "fórmulas matemáticas complexas foram usadas para analisar a validade estatísticas desses dados" do que desnortear uma platéia inteira com a apresentação de fórmulas trabalhosas. É fortemente recomendado um rascunho breve do que será a forma de apresentação. É obrigação do conferencista não apenas coletar os dados, mas apresentá-los de uma maneira coerente. O rascunho deve fornecer uma estimativa aproximada do número e tipos de exemplos que serão necessários, as projeções complementares com textos que irão reforçar a mensagem e o método pretendido de coletar os exemplos ilustrativos apropriados e os dados de suporte. Projeçòes (TRANSPARÊNCIAS E SLIDES) "Menos é mais" - Ludwig Mies van der Rohe O arquiteto do McCormick Place em Chicago não estava falando sobre TRANSPARÊNCIAS OU SLIDES, mas o mesmo princípio se aplica. O material originariamente delineado para um tipo de apresentação não necessariamente se adequa a outro tipo. O que distingue um manuscrito de uma conferência é a simplificação. As projeções devem ser confortavelmente lidas e compreendidas; a observação mais importante deve ser captada num relance. Apenas uma idéia ou achado principal deve estar em cada projeção. A palavra chave é "pouco": Poucas projeções, poucas linhas , poucas palavras por linha. Quase todas as apresentações usam transparências ou slides de 35mm, que se encaixam em projetores do tipo carrossel. Como indicação básica, se um slide pode ser facilmente lido na distância de um braço, as pessoas sentadas no fundo de qualquer sala serão capazes de enxergar o que está escrito na tela, a transparência deve ser posta no chão e lido, isto feito esta correto o tamanho das letras. Se o mais provável é que a audiência não vai conseguir enxergar um detalhe sutil, não mostre a projeção. É muito importante lembrar o formato retangular 2x3 do slide 35mm padrão. Como a maior parte das telas é horizontal, deve sempre ser feito esforço para manter as informações contidas no slide com orientação horizontal, de maneira que a imagem projetada se adeque a tela e não tenha os bordos superior e inferior cortados. Se possível, as informações deveriam ser distribuídas de maneira a preencher todo o espaço, na proporção de 2 para 3 entre os lados. Slides e transparências com Texto Nós memorizamos mais aquilo que vemos. A parte visual complementa a parte falada, reforça a compreensão e implementa a retenção. Ainda que a palavra escrita frequentemente tenha um impacto maior que a mera expressão verbal, a mensagem deve ser curta e direta, de maneira que a audiência rapidamente perceba a intenção do conferencista. As projeções de texto devem ser ambos visíveis e legíveis. A visibilidade é dependente de variáveis como tamanho e estilo de letra, espaçamento entre palavras, comprimento das linhas do texto e a distância vertical entre as linhas. A legibilidade está relacionada a organização do texto e o uso de vocabulário apropriado para a audiência. Se as informações são complexas, eles devem ser divididas em vários slides. Quanto menos palavra melhor Sentenças completas não são necessárias. Frases curtas, deixando de lado verbos desnecessários, são ambos aceitável e preferível. "Regra dos 7s" - de maneira geral, slides de texto deveriam conter no máximo 7 linhas, e não mais que 7 palavras pôr linha. Pode ser necessário dividir títulos longos em 2 linhas. As palavras deveriam nunca ser divididas por hífen. O ideal é tentar manter uma frase ou conceito completo na mesma linha. Não se deve usar abreviaturas, principalmente em apresentação internacional: se usadas, elas devem ser explicadas no início. O texto deve ser uma mistura de letras maiúsculas e minúsculas para facilidade de compreensão. Para títulos ou subtítulos, assim como para acrônimos ou abreviaturas (p.ex. ACTH), devem ser usadas apenas letras maiúsculas, de maneira que se destaquem do restante do texto. Deve ser usado apenas um tipo de letra, tipo imprensa-padrão. Letras em itálico ou outros tipos sofisticados devem ser evitados porque reduzem a velocidade de leitura. Algumas variações podem ser usadas para tornar dados mais legíveis no slide. Podem ser usados números para destacar várias frases que se seguem em seqüência cronológica. Se as frases não tem uma seqüência lógica, mas precisam ser identificadas, pode usado um "bullet", uma marca, antes de cada frase. Elas são especialmente úteis se algumas das frases no slide ocupam mais de uma linha. Durante a apresentação, a atenção dos ouvintes deve ser dirigida através de um apontador eletrônico ou laser. Slides de títulos (p.ex. CT de Adenomas Pituitários) são o equivalente audiovisuais de títulos ou subtítulos dos capítulos de um livro. Eles guiam a audiência através da aula e ajudam a ter certeza de que as mudanças de assunto são claras. Talvez o mais importante: os slides podem ser usados para aclarar a memória do conferencista e evitar a consulta em bloco de anotações no podium. COR Alto contraste é vital para boa visualização. Para leitura contínua numa sala escura, letras brancas em fundo preto são menos cansativas e mais legíveis que letras pretas em fundo branco. Este último tipo de slides é mais sujeito a poeira e marcas de dedos. A cor acrescenta um pouco de talento a uma apresentação, aumentando as qualidades de atenção-atração de um slide. Além disso, usadas logicamente, uniformemente e com moderação, as cores também podem enfatizar e dividir as informações e torná-las mais compreensíveis. O título de um slide pode ser de uma cor e o texto de cor diferente. As cores têm luminosidade diferente: branco é 100%, amarelo 89%, verde 59% azul 11% e preto 0%. Usando-se letras coloridas contra um fundo de cor escura as cores de alta luminescência serão mais visíveis que as baixa luminescência. Para texto ou números são mais adequados brancos ou amarelo contra um fundo escuro (azul escuro é o ideal). Lembre-se que o vermelho primário é uma das cores que menos se destacam contra um fundo escuro e não deveria ser usada. Combinações verde/vermelho também devem ser evitadas porque algumas pessoas são cegas para esses tipos de cores. Informações cruciais podem ser especialmente destacadas através de uma cor diferente, para chamar a atenção sobre elas. Para não perder o impacto, tente não enfatizar mais que duas palavras em um slide. Além disso, 4 é o número máximo de cores que devem ser usadas em um slide. Material Radiológico A área de interesse deve ser selecionada e propriamente centrada e ampliada. Dependendo da sofisticação da audiência e complexidade do material apresentado, pode ser mostrada uma imagem completa para orientação (p.ex. um AP do tórax) e então um close-up da área específica pertinente (p.ex. um nódulo retro-cardíaco). Quando apresentar exames radiológicos digitais, tenha certeza de que o nome do paciente e dados alfanuméricos que desviam a atenção foram eliminados durante a fotografia. Nunca mostre um exame radiológico de má qualidade. Esta atitude é desmoralizante. A conclusão da audiência é que o conferencista se satisfaz com exames de baixa qualidade. Aquele caso único, mas de qualidade técnica inferior, é supérfluo: se é tão raro que é o único caso que o especialista que está falando tem, não merece ênfase. Além disso mostrar um slide de má qualidade é uma agressão a platéia; significa que os ouvintes não merecem o tempo ou o esforço do conferencista em buscar um caso melhor ou para fazer um trabalho fotográfico aceitável. Tente usar seu próprio material e não usar casos emprestados. O conferencista é supostamente um especialista e não precisa mostrar o extraordinariamente raro. Tabelas e Gráficos Devem ser relativamente simples. Legendas e números extensos que elucidam uma ilustração numa revista ou livro podem ser confusos durante a rápida olhada necessária durante uma conferência. Um gráfico impresso num livro ou revista é compreendido e absorvido na velocidade própria do leitor, enquanto que numa aula é o conferencista quem dita o ritmo. É absolutamente indescupável para o conferencista afirmar que realmente existem muitos dados no slide, mas que ele quer que a audiência se concentre na coluna oito. Na realidade, apenas a coluna oito deveria ter sido fotografada. Número de Slides A maior parte dos apresentadores mostra um excesso de slides. Deve ser dado tempo aos ouvintes para estudar o slide antes que ele seja discutido. Dependendo obviamente da complexidade do assunto, cada slides deve tomar de 30 seg a 1 min para ser apresentado. Portanto, 60 deve ser o número máximo de slides em uma apresentação de 30 min. Um número melhor seria 45, ou 1,5 slides por minuto. Cada slide deve trazer informações oportunas e necessárias. Seja rígido na sua seleção. Despreze material que não fotografe bem ou não seja essencial. Se você está mostrando uma massa adrenal na TC, não é necessário mostrar a radiografia simples ou a urografia excretora se elas foram normais ou não contribuíram para o diagnóstico. Não são todos os dados de um projeto de pesquisa que devem ser mostrados, apenas os relacionados ao tema. Não mostre uma miríade de exemplos da mesma anormalidade para enfatizar exatamente o mesmo ponto. Não aborreça a audiência com múltiplos exemplos rudimentares ou esotéricos. Quando em dúvida, jogue fora o slide. Alocução A conferência deve ser dada como se o conferencista estivesse tendo uma conversa agradável com amigos ou associados profissionais, num ritmo um pouco mais lento do que sua fala normal, com inflexões variadas de voz. Tenha certeza de encarar e estabelecer contato visual com membros da audiência, mesmo de maneira intermitente; não olhe constantemente para os slides ou para as anotações. E nunca, jamais, leia palavra-por-palavra de um texto preparado. Tal procedimento é garantia total de quase instantaneamente gerar um enorme desânimo na platéia. Toda a espontaneidade está perdida; o conferencista e os ouvintes deixaram de ser amigos. Os ouvintes provavelmente estarão lamentando o tempo e esforço perdidos, perguntando-se por que o conferencista simplesmente não distribuiu o material impresso, de maneira que pudesse posteriormente ser lido a vontade. Por outro lado, sabedoria não é desculpa para se apresentar perante a platéia sem estar preparado e falar de improviso. Assuntos-chave são esquecidos, assuntos sem importância são discutidos exaustivamente e assuntos são colocados fora de ordem numa apresentação tão "a vontade". A bênção de ser um "conferencista nato" é extremamente rara e, quase com certeza, não existe. Mais frequentemente, a alocução aparentemente espontânea é uma ilusão, escondendo a intenção premeditação e a preparação cuidadosa, ou então representa o produto de anos e anos falando sobre o mesmo assunto. Quando se inicia uma conferência, é importante conquistar o interesse da audiência. Gaste alguns minutos descrevendo porque você acha que o tema é importante e rapidamente explique como você atingirá os objetivos. Talvez alguma coisa como: "Hoje eu falarei sobre a utilidade da TC na detecção de metástases hepáticas. Iniciarei falando sobre as técnicas básicas, depois alguns casos mais raros". A audiência gosta de saber o que irá acontecer. Dê-lhes um motivo para prestar atenção as informações que você reuniu. Estas observações iniciais também permitem ao conferencista relacionar o tema a platéia específica para a qual ele falará. Se você está falando para radiologistas gerais, eles apreciarão saber que o material a ser apresentado tem aplicações no dia-a-dia. Audiências formadas por radiologistas acadêmicos ficarão felizes em saber que você falará sobre detalhes de um determinado assunto. De maneira alguma comece desculpando-se por alguma falha potencial. Desculpas são para erros inadvertidos, não para erros intencionais que poderiam ser evitados. A conferência deve ser preparada com antecipação e todas as arestas aparadas. Enquanto você está falando, sempre dê uma olhada para cada novo slide que você projeta. É desconcertante gastar tempo falando sobre o slide errado. Durante a dissertação sobre slide de texto, tente usar as mesmas palavras usadas no slide. Como os slides muitas vezes contém apenas frases ao invés de sentenças completas, preencha as palavras que estão faltando enquanto você fala. E fale sobre tudo aquilo que está no slide. Nunca inclua dados numéricos que não estão incluídos no slide. Durante a apresentação de imagens radiológicas, oriente inicialmente a platéia. Por exemplo "esta é uma ressonância magnética T2 sagital da fossa pituitária". Sempre descreva a imagem usando a perspectiva da platéia (inicie lendo o slide da esquerda). Use um apontador luminoso para mostrar claramente a platéia o que você quer que eles vejam. Após isso desligue o apontador; não fique vagando pela sala com a luz do apontador. Para evitar a "tremedeira" do apontador, apóie o punho e o antebraço contra algum objeto (p.ex. o podium ou então o outro braço). Para despertar o interesse, é aceitável que ocasionalmente se desafie a platéia sobre o diagnóstico correto da imagem que está sendo projetada. Isto é feito de maneira melhor utilizando-se retórica, quando se espera que ninguém em particular responda a pergunta. Deve-se ter cuidado no uso excessivo desta técnica, levando a ruptura da linha de raciocínio. Especialmente quando estiver falando para grandes audiências num tempo restrito, o conferencista não deveria inquirir a platéia. Perguntas prematuras não apenas interrompem o fluxo, como também são respondidas posteriormente dentro de uma conferência apropriadamente programada. Portanto, como regra, as perguntas devem esperar até que a conferência esteja terminada. Evite desperdício de tempo com múltiplos "daqui a pouco falaremos sobre..." e tente não adiar mensagens. Mencionar um assunto de passagem apenas para dizer "falaremos sobre isto daqui a pouco" desvia a atenção da platéia. É ainda pior se a promessa não é cumprida. É imperativo que toda conferência deve ser armada de maneira que termine no tempo correto ou um pouco antes. Ultrapassar seu limite de tempo reflete arrogância e falta de educação, especialmente se virão outros conferencistas em seguida. O conferencista está afirmando que o que ele tem a dizer é tão importante que a platéia deve ficar sentada o tempo todo da conferência, independente de outros compromissos. -- Ou que se dane a organização toda do congresso. O conferencista deve perceber que uma aula de 60 min, significam na realidade 55 ou 50 min úteis. Deve ser levado em conta o tempo necessário para ajuste de microfone, apagar as luzes de temo no fim da aula para permitir perguntas e repostas ou para esclarecer alguma conclusão importante. Uma opção possível para ajudar a terminar a aula dentro do tempo previsto é ter vários fins alternativos para a apresentação. Após carregar o carrossel com os slides essenciais, alguns exemplos descartáveis podem ser colocados no fim para discussão se o tempo permitir. Projeção Dupla A projeção dupla tem apenas uma finalidade: permitir comparações. Você pode fazer um par com o tórax em AP em um projetor e o tórax em perfil no outro projetor, ou um CT sem contraste com um CT contrastado, ou correlacionar uma imagem radiológica com o espécime macroscópico. O valor desta técnica não é o de permitir mostrar mais slides dentro do mesmo período de tempo. Como o propósito da técnica é comparação, o slide do lado esquerdo deve sempre estar relacionado com o slide do lado direito. Se não há comparação adequada, um slide "em branco" deve ser usado. O lado vazio nunca deve ser preenchido com um slide estranho mostrando alguma cena de férias do conferencista, nem fotografia dos filhos, cachorros, flores ou de um trabalho artístico preferido. Ainda que tais slides sejam coloridos e tentem estabelecer um ambiente de relaxamento, eles com certeza distraem a atenção do outro slide. Os ouvintes frequentemente ficam se perguntando como o conferencista vai correlacionar essas imagens com o assunto em discussão ( o que geralmente o conferencista não faz). Quando usar projeção dupla, os carrosséis devem sempre avançar simultaneamente. Se você quer que que do lado esquerdo continue a mesma imagem, enquanto avança o lado direito, faça uma duplicação do slide. Lembre-se de falar sobre os dois slides. Humor "Você não precisa ser solene para ser sério" Usado apropriadamente, o humor pode demonstrar humanidade e criar um vínculo com a platéia. Mas deve ser usado com moderação. As observações de humor devem estar relacionadas ao tema e serem aceitáveis pela platéia. Lembre-se que a sociedade a cada dia mais está intolerante com piadas arrogantes; escárnio racial, sexista ou sexual são proibidos. Tente nunca dizer uma piada fora do contexto da conferência, especialmente no início da aula. Não tente ser engraçado de qualquer maneira: a sua obrigação principal não é fazer a platéia rir. Os ouvintes preferem muito mais assistir uma conferencia cuidadosamente apresentada, ilustrada com bons slides e ministradas de uma maneira tranqüila do que uma cheia de histórias "engraçadas". O Ensaio Uma conferência curta clara, é essencial para manter o interesse da audiência. Nada se compara ao ensaio para atingir este objetivo. Ensaiar não apenas permitirá ao conferencista avaliar os problemas de estrutura de aula como também reduzirá a ansiedade: estar ultra-preparado é o melhor tratamento para afastar o medo. Inicialmente, pratique sozinho. Evite "ah", "hum" ou "tá" como substitutos para breves pausas e evite frases como "deixa ver". Apesar de difícil, tente se ver como alguém apenas um pouco familiarizado com o assunto. Projete seus slides em uma sala de tamanho comparável aquela onde será realizada a conferência. Sente no fundo da sala e verifique se os slides são visíveis: julgue-os sem dó nem piedade. Você poderá ter surpresas com o que vê, mas tente aprender com eles por causa da audiência. Slides que estão muito carregados de frases ou difíceis de ver devem ser descartados. Uma conferência bem feita, como arte, é em grande parte performance e o pódio é de certa maneira, um palco. Entusiasmo é o ingrediente vital de qualquer conferência de sucesso e o conferencista não deveria mostrar ou dizer alguma coisa relativamente sem importância com indiferença. Descarte todo elemento da conferência que não o entusiasme. Tenha certeza que a conferência vai gastar menos tempo que o necessário durante o ensaio: na hora da apresentação real, a maior parte dos conferencistas tendem a florear um pouco, gastando mais tempo. É importante memorizar a ordem dos slides, de maneira que a transição entre os assuntos não seja abrupta e você possa corrigir rapidamente qualquer erro na mudança dos slides. É necessário que se saiba exatamente o que cada slide contém, seja radiografia ou texto, porque muitas vezes é difícil ter-se uma visualização completa do slide a partir do podium. Durante a apresentação real é melhor nunca retornar ao slide anterior. Se você esqueceu de mencionar alguma coisa importante, tente fazê-lo sem o slide. Se você precisa se referir ao mesmo slide em ocasiões diferentes durante a aula faça duplicações desse slide. Depois de praticar sozinho, é extremamente importante solicitar críticas construtivas de um pequeno grupo de colegas. Este grupo deveria incluir pessoas familiarizadas e não-familiarizadas com o assunto a ser apresentado, e pelo menos uma pessoa com backgroup similar ao backgroup da audiência para quem será apresentada futuramente a conferência. Seus colegas também podem cronometrar a aula. Se a conferência está muito longa, eles podem ajudá-lo a decidir de que maneira torná-la mais curta. Ouça os comentários e não fique na defensiva. Além disso, peça a eles que façam perguntas e pratique como responder a essas perguntas. O período de perguntas pós uma conferência geralmente é o mais estressante e isto ajuda a se preparar. É claro que estas sessões de prática devem ser realizadas com antecipação suficiente para permitir que haja tempo para as possíveis correções necessárias. Conheça o Equipamento Audiovisual Se for possível, visite antes da apresentação real a sala onde você vai fazer sua conferência. Veja o tamanho da sala, e familiarize-se com o microfone, apontador, iluminação, botões para avançar os slides, presença de timer e de que tipo é, e a posição do pódio em relação a tela. Localize a luz do pódio e desligue-a durante a apresentação, se for possível. Se for possível, use um microfone de lapela, porque permite maior liberdade de movimentos. Evite movimentar a cabeça sem movimentar o resto do corpo, para evitar variações no nível de som. Se um encarregado de projeção não vai estar presente, certifique-se de que o equipamento de projeção esteja funcionando adequadamente, e que haja pilhas e lâmpadas de reserva. O conferencista deve saber como resolver pequenos problemas, p.ex. Um slide preso, que geralmente resulta de moldura de papelão torta. Ele deve saber como retirar rapidamente o carrossel de slides, depois de liberá-lo com uma moeda, retirar e substituir o slide preso, transformando um desastre potencial em apenas um pequeno aborrecimento. Como alternativa, um canivete serve para fazer retornar ao local correto o slide preso. O conferencista deve carregar pessoalmente seus slides em carrossel de 80 slides. Nunca use carrossel de 140 slides que são muito mais propensos a prender slides e, além disso, raramente são necessários. Para uma conferência de 50 min o carrossel de 80 slides é mais que suficiente, principalmente se for usada projeção dupla. Em muitos congressos, existe um slide-room, onde você pode conferir se todos os seus slides estão na posição e orientação corretas. Slides que são projetados de cabeça para baixo ou fora de posição imediatamente anunciam para a platéia que o conferencista é descuidado e faz com que a platéia fique se perguntando se ele é confiável. Tenha certeza de que nenhum slide está dobrado, sujo ou gasto, e que ele entra e sai do carrossel corretamente. Coloque no carrossel seu nome e a que horas você vai falar e, se você vai usar projeção dupla, coloque as etiquetas de DIREITO e ESQUERDO. Se você vai de avião para o local do congresso, preferivelmente leve seus slides já montados em um carrossel ou, pelo menos, colocados consecutivamente em folhas plásticas próprias para slides. NUNCA coloque seus slides junto com a bagagem que não vai na mão, a menos que você não esteja preocupado se eles vão chegar a um lugar completamente diferente daquele onde você vai fazer sua conferência. É vantagem colocar uma marca vermelha no canto inferior esquerdo de cada slide e numerá-los consecutivamente. Se por acaso eles caírem ou ficarem presos podem ser reposicionados rapidamente. Se um encarregado da projeção está presente, dê a ele os slides com antecipação suficiente para discutir qualquer instrução especial. Combine com ele quem vai projetar o primeiro slide. Se for necessário focar ou acender as luzes durante a conferência, peça com cortesia ao projetista. CONCLUSÃO A melhor maneira de terminar uma aula é fazendo um breve resumo repetindo o que foi tentado transmitir durante a conferência. Após isto, faça um breve comentário agradecendo a atenção da audiência, o que encoraja os aplausos da audiência, e então peça ao projetista para desligar o projetor e acender as luzes. Se você pretende repetir a mesma conferência, e quer melhorá-la, preste cuidadosa atenção as questões no fim da aula. Elas podem sugerir que certos assuntos podem necessitar de maior elucidação ou ênfase em aulas futuras. Durante as perguntas, seja profissional, relaxe e não fique na defensiva. Responda as questões da maneira mais sucinta possível. Se você não souber responder a pergunta, simplesmente diga "não sei". Se alguém faz uma pergunta muito boa, cumprimente-o. Lembre-se que a maior parte das perguntas tem origem mais em discordância do que em dúvidas, mas tente evitar discussões. Seja educado com a audiência, e evite confrontação direta com alguém em especial até que a platéia tenha deixado a sala. Discorde veementemente apenas se a afirmação feita pelo questionador é totalmente crítica, e você tem certeza de que ele está errado. Além disso, para melhorar futuramente a sua apresentação, solicite de pessoas que você conhece e respeita comentários sobre a qualidade de sua apresentação. Como a conferência e o conferencista foram vistos pela platéia pode ser avaliado de uma maneira mais franca e menos de confrontação crítica. Finalmente, lembre-se que a palavra doutor vem do latim docere, que significa ensinar. E ensinar ajuda a aprender. Ensinar outros estimulará você a aprender novos fatos, organizar estes novos fatos e prover uma oportunidade para melhorar ainda mais. O antigo axioma continua totalmente verdadeiro: " a pessoa que mais aprende em uma conferência é a pessoa que preparou a conferência". |