EDITAL CNPq - PROTEM

Projeto Ambiente Imersivo de Ensino Aprendizagem Colaborativa - AIENAC

Desde tempos imemoriais, a humanidade busca preservar seus alimentos, na constante batalha contra a fome. As primeiras informações que se tem a este respeito datam da pré-história, quando o homem colocava suas caças perto do fogo conservando-as durante os períodos de estiagem. Posteriormente, os egípcios utilizavam ácidos para conservar seus alimentos e os chineses empregavam barras de gelo .

A necessidade de preservar os alimentos provém de duas características muito importantes, inerentes a estes produtos: a sazonabilidade e a perecibilidade. Estas, por sua vez, são conseqüência direta da ação de enzimas e microrganismos, presentes na quase totalidade das matérias-primas alimentares. As enzimas e os microrganismos possuem características bem diferenciadas; as primeiras são compostos bioquímicos normalmente já presentes nos alimentos, sobretudo nos de origem vegetal, responsáveis pela catalização de todos os fenômenos bioquímicos que acontecem em seu interior, sendo agentes tanto do amadurecimento quanto da senescência do alimento; já os microrganismos, são entidades vivas que, na maiorias dos casos, contamina a matéria-prima durante uma das fases de seu processamento, causando com isto sua deterioração, podendo até causar problemas patológicos no homem.

Além de ambos serem os principais competidores do homem na batalha por uma boa alimentação, estes agentes possuem em comum o fato de terem seus fenômenos de desenvolvimento, ação e até de procriação (no caso dos microrganismos), controlados por processos que sofrem influência de parâmetros externos que variam com o tempo. As principais variáveis envolvidas são a temperatura, a umidade e a acidez do meio. O controle destes parâmetros e sua ação sobre os alimentos é uma exigência primordial para todo aquele que deseje entender um pouco mais sobre os alimentos que consome.

Assim sendo, o domínio deste conhecimento é fundamental para os mais diversos tipos e classes de indivíduos, que relacionam-se com o processamento de alimentos. Para o engenheiro de alimentos este é um conteúdo básico, pois todos os processos que ele irá desenvolver, todos os equipamentos que ele irá projetar ou qualquer tecnologia que ele irá implantar dependerão do perfeito entendimento da influência que a modificação de um ou mais destes parâmetros terá sobre seu produto, ao longo do tempo. Similarmente, o pequeno produtor rural que deseja prolongar a vida de prateleira de produtos de sua propriedade ou o extensionista rural / técnico agrícola que pretende disseminar esta cultura em seu meio também precisarão dominar estes mesmo fenômenos, para poder aplicá-los corretamente. Em empresas de processamento agro-industrial, de pequeno, médio ou grande porte, todos os funcionários, graduados ou não, devem ter idéias muito claras do que representa a alteração de qualquer um dos parâmetros de seu processo para a qualidade do produto final.

Prosseguindo na cadeia produtiva, um bioquímico, químico, veterinário, ou outro técnico qualquer que tem a incumbência de controlar a qualidade de um certo produto alimentício deverá ter total conhecimento sobre as alterações que podem ter sido provocadas pelo processamento anterior, de forma a melhor avaliar o resultado obtido em suas análises.

Em um outro lado da mesma cadeia alimentícia, o nutricionista precisa saber como um certo processamento irá alterar a qualidade nutricional de uma certa matéria-prima para poder elaborar corretamente sua dieta. Da mesma forma, uma dona-de-casa interessada em sua boa alimentação desejará entender o que ocorre com o passar do tempo, em termos nutricionais e de deteriorações, com os alimentos que ela armazena em seu refrigerador.

Esta gama de conhecimentos tão importantes na sociedade atual será o tema que o Ambiente Imersivo de Ensino Aprendizagem Colaborativa utilizará para o desenvolvimento do protótipo de teste. Nesta primeira versão pretende-se que o aprendiz (definindo-se como aprendiz todos os sujeitos cognoscentes mencionados anteriormente) irá penetrar em um ambiente de realidade virtual (com ou sem imersão) de forte interação onde poderá manipular objetos aos quais estarão associados conceitos e relações (conectar com o estudo dos simbolos) entre parâmetros como temperatura e umidade e o desenvolvimento de microrganismos e enzimas levando às conseqüentes alterações que irão provocar nos alimentos, sejam elas de aumento de sua vida de prateleira, de surgimento de deteriorações ou de perda de valor nutricional.

A tônica desta nova ferramenta de ensino aprendizagem será a utilização da realidade virtual como forma de promover a aprendizagem colaborativa através de uma grande parcela de interação (conectar com as pesquisas de interação). A interação poderá ser sujeito - computador pois lhe será possibilitado manipular virtualmente objetos, a exemplo do que acontece no mundo real, facilitando a assimilação dos novos conhecimentos; o sistema a ser criado também terá uma arquitetura mais aberta, de forma que o sujeito poderá alimentá-lo com novos dados provenientes de suas descobertas, enriquecendo o ambiente para os futuros aprendizes. A utilização do Ambiente via Internet ou mesmo Intranet possibilitará a interação aprendiz-aprendiz e mesmo aprendiz-aprendiz-intrutor (quando for o caso) uma vez que dois ou mais sujeitos poderão percorrer o mesmo ambiente, compartilhando sua dúvidas, conhecimentos e descobertas promovendo uma verdadeira aprendizagem colaborativa. Finalmente, os desafios a serem propostos ao aprendiz tem a intenção de desequilibrar suas estruturas cognitivas, facilitando, porém, a equilibração num novo patamar por pequenas e sucessivas adaptações que se darão através da manipulação de situações que podem ser relacionadas a seu dia-a-dia promovendo a interação sujeito-sujeito nas tentativas de equacionar o binômio acomodação-assimilaçao.

Dentro desta perspectiva, o Ambiente Imersivo de Ensino Aprendizagem Colaborativa pretende em sua primeira versão simular, em realidade virtual, uma loja de alimentos onde o aprendiz será desafiado a compreender os fenômenos que regem as relações de deterioração e conservação destes materiais. O aprendiz poderá "pegar" estes alimentos e manipulá-los livremente em situações com diferentes temperaturas, acidez do meio, umidade, embalagem, avaliando a influência causada com o decorrer do tempo, também por ele controlado, nas condições sensoriais, nutritivas e de comercialização destes produtos.

É importante salientar-se que o tema alimentos foi escolhido apenas como modelo da primeira testagem do Ambiente Imersivo de Ensino Aprendizagem Colaborativa, que por suas características de construção poderá ser utilizado para o ensino aprendizagem de qualquer área onde ocorram alterações que possam ser parametrizadas com um fator comum, neste caso o tempo (conectar com as pesquisas da Rosa). Com a introdução de uma base de conhecimentos do domínio específico, o Ambiente poderia ser utilizado para promover a aprendizagem da evolução de certas doenças com a aplicação de diferentes fármacos ou condições de saúde do paciente; partindo para um campo de domínio de objetos inanimados é possível criar-se um ambiente que simulasse a resistência de diferentes materiais de construção sujeitos a variadas condições ambientais, ou até mesmo a influência da seleção de um material na transposição de um sentimento durante a execução de uma escultura (será que forcei muito a barra Eny?) .