Recomendações X.400
por Carlos Antonio Alba
Redes de Computadores 2
CPGCC - Instituto de Informática
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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1 Introdução
O Sistema de Tratamento de Mensagens (MHS - Message Handling System)
do CCITT e ISO foi especificado através de um conjunto de normas
denominadas Recomendações série X.400. Essas recomendações
definem serviços e protocolos que visam permitir a todos os sistemas
de correio eletrônico, públicos e/ou privados, interfuncionar,
assegurando que as mensagens sejam encaminhadas desde a caixa postal do
originador até a de seu ou seus destinatários, não
importando onde esses estejam ou de que sistema façam parte. Isto
é efetuado fornecendo-se aos usuários um serviço de
encaminhamento e de tratamento das mensagens. Os serviços e as facilidades
oferecidos por sistemas X.400 têm tratamento garantido e equânime,
assegurando que as solicitações efetuadas no sistema de origem
das mensagens tenham tratamento adequado em todos os sistemas de destino.
Graças à norma X.400 os sistemas de correio eletrônico,
denominados Sistemas de Tratamento de Mensagens (MHS), têm aumentado
seu campo de penetração, tornando a interconexão de
sistemas heterogêneos, tanto no nível interno como externo
das empresas, muito mais fácil de operar e trazendo também
maior independência quanto aos fornecedores de sistemas.
A popularidade dos padrões X.400 vem sendo confirmada pelo surgimento
no mercado mundial, a partir de 1985, de diversos produtos para vários
tipos de sistemas computacionais que implementam as funcionalidades e os
protocolos específicos [BRI 94].
2 Recomendações da Série X.400
A Recomendação X.400, versão de março de
1993 revisada pelo VII Grupo de Estudos do CCITT-ITU e aprovada pela Conferência
Mundial de Padronização das Telecomunicações
em Helsinki, consiste em recomendações que cobrem os diversos
aspectos envolvidos na padronização de Sistemas de Tratamento
de Mensagens, a saber:
- Recomendação X.400 (1992): Especificação
do Modelo para Sistemas de Tratamento de Mensagens e dos seus Elementos
de Serviço [X.400].
- Recomendação X.402 (1992): Especificação
da Arquitetura dos Sistemas de Tratamento de Mensagens [X.402].
- Recomendação X.403 (1988): Especificação
dos Testes de Conformação para os Sistemas de Tratamento
de Mensagens [X.403].
- Recomendação X.407 (1988): Convenções
para a definição do Serviço Abstrato dos Sistemas
de Tratamento de Mensagens [X.407].
- Recomendação X.408 (1988): Especificação
das Regras de Conversão de Tipos de Codificação para
Sistemas de Tratamento de Mensagens. Define as regras de conversão
entre os diferentes códigos que podem ser empregadas na codificação
de mensagens, como, por exemplo, a conversão de Telex para ASCII
e vice-versa ou de ASCII para FAX [X.408].
- Recomendação X.411 (1992): Especificação
dos Procedimentos e a definição no Serviço Abstrato
do Sistema de Transferência de Mensagens [X.411].
- Recomendação X.413 (1992): Definições
do Armazenador de Mensagens no Serviço Abstrato [X.413].
- Recomendação X.419 (1992): Especificações
do Protocolo do Sistema de Tratamento de Mensagens [X.419].
- Recomendação X.420 (1992): Especificação
do Serviço de Mensagens Interpessoais [X.420].
- Recomendação X.435 (1992): Especificação
das normas para o EDI (Electronic Data Interchange) que define uma
nova classe de Agente de Usuário usada na transferência de
arquivos; transferência eletrônica de fundos e outras aplicações
bancárias [X.435].
- Recomendação X.440 (1992): Especificação
dos Sistemas de Mensagens de Voz (Correios de Voz) [X.440].
3 Modelo Funcional do Sistema de Tratamento de Mensagens
A finalidade do modelo descrito na recomendação X.400
do CCITT é identificar os principais componentes funcionais, bem
como os protocolos, as funcionalidades e os serviços aplicáveis
aos Sistemas de Tratamento de Mensagens. Este modelo funcional ajuda no
desenvolvimento de Recomendações para o MHS e também
ajuda na descrição dos conceitos básicos que podem
ser representados graficamente.
O modelo de MHS utiliza os conceitos definidos no modelo de referência
OSI [ISO7498], ratificado pelo CCITT nas recomendações X.200,
definindo uma comunicação estruturada em camadas entre os
componentes funcionais do modelo [BRI 94]. A representação
resultante em camadas determina os requisitos para elaboração
dos protocolos e ressalta o relacionamento entre os protocolos e os elementos
de serviço definidos para os Serviços de Tratamento de Mensagens.
Com isso o modelo permite definir, de forma abstrata, uma comunicação
estruturada e aberta entre diferentes sistemas de computadores interligados
em rede, oferecendo um Serviço de Tratamento de Mensagens Global.
Desta forma, a concretização do modelo pode ser efetuada
livremente em diversas configurações físicas e organizacionais.
A recomendação X.400 define dois serviços abrangidos
pelo MHS: o Serviço Básico de Transferência de Mensagens
(MT Service - Message Transfer Service) e o Serviço
de Mensagens Interpessoais (IP Service - Inter-Personal Service),
este último construído em cima do primeiro.
O serviço MT não pressupõe a existência
de usuários diretos nas extremidades de comunicação,
enquanto o serviço IP pressupõe a existência de pessoas
nos pontos terminais do modelo.
3.1 Descrição do Modelo do MHS
O modelo do MHS deve ser considerado como uma "ferramenta"
auxílio ao desenvolvimento de sistemas de correio eletrônico.
Para tanto, ele compreende vários elementos funcionais adaptáveis
a diferentes configurações físicas e organizacionais.
No modelo básico aparecem as seguintes entidades (figura
1):
- Usuário (User): representa o originador efetivo
ou o destinatário final de uma mensagem, podendo ser tanto uma pessoa
como um programa de computador (aplicação automatizada) que
faz uso do Serviço de Tratamento de Mensagens. O usuário
pode ser direto (realizando o tratamento das mensagens com o uso direto
do MHS) ou indireto (realizando o tratamento das mensagens através
de um outro sistema de comunicação, como um sistema de entrega
física ligado ao MHS).
- Agente de Usuário (UA - User Agent): é
a entidade funcional com a qual o usuário interage diretamente para
preparar, emitir ou receber as mensagens, assim como solicitar qualquer
outro serviço referente à troca de mensagens. O agente de
usuário é um conjunto de aplicativos que contém, no
mínimo, as funções necessárias para interagir
com o Sistema de Transferência de Mensagens (MTS - Message Transfer
System) ou com o Armazenador de Mensagens (MS - Message Store),
utilizando os procedimentos padronizados de submissão e entrega,
definidos mais adiante.
- Agente de Transferência de Mensagens (MTA - Message
Transfer Agent): constitui, em conjunto com outros MTA, uma rede denominada
Sistema de Transferência de Mensagens (MTS - Message Transfer
System), que é composta por um conjunto de aplicativos que visam
assegurar as funções de encaminhamento e de transferência
de mensagens entre um UA originador qualquer e os UA destinatários
especificados.
- Armazenador de Mensagens (MS - Message Store):
é uma facilidade opcional de uso geral do MHS que atua de intermediário
entre o UA e o MTA. É uma entidade funcional cujo propósito
primário é armazenar e permitir a recuperação
das mensagens enviadas.
- Unidade de Acesso (AU - Access Unit): é
uma unidade funcional associada a um MTA para fornecer intercomunicação
entre o MHS e outro sistema ou serviço.
.
Figura 1 - Visão Funcional do Modelo MHS
Os UA são agrupados em classes, com base nos tipos de serviço
e no conteúdo das mensagens (memorandos ou notas interpessoais,
documentos EDI (Electronic Data Interchange), arquivos binários,
voz, etc.) que podem tratar. Os UA que pertencem a uma mesma classe são
chamados cooperativos, já que cooperam entre si para realizar a
comunicação entre seus respectivos usuários. Assim
sendo, um UA da classe interpessoal não pode comunicar-se de modo
significativo com um UA da classe EDI, pois, enquanto o primeiro emite
documentos que se destinam a ser lidos por pessoas, o segundo espera receber
dados codificados que possam ser tratados diretamente por uma aplicação
automatizada. Desta forma, a interação cooperativa entre
vários UA de uma mesma classe determina o serviço a ser prestado
a seus usuários, podendo um UA ter mais de uma classe associada.
O MTA proporciona ao UA associado a possibilidade de identificação
de sua classe ao enviar mensagens para outros UA, em função
do tipo de conteúdo que deseja transmitir. O MTS, conjunto de MTAs,
entrega as mensagens que lhe foram submetidas a um ou mais UAs, unidades
de acesso (AUs), ou MSs e pode mandar notificações ao originador
da mensagem.
O UA pode fornecer ferramentas para composição de mensagens
ao usuário do MHS, as quais, por serem pessoais, não foram
padronizadas pelo CCITT, deixando aos usuários e fabricantes liberdade
de criação. Nas normas, estas funções são
denominadas funções locais, pois estão relacionadas
exclusivamente com a interação entre o usuário e o
seu UA.
Cabe ao UA traduzir os desejos do usuário para a linguagem dos
MTA, para que estes possam efetuar o encaminhamento das mensagens bem como
os serviços solicitados. Para a triagem e transporte de mensagens
existe a transação entre os MTA e para a entrega o MTA interage
com o UA ou com o MS.
Desta maneira, quando um usuário MHS prepara uma mensagem e
solicita a seu UA que a envie aos destinatários, este submete a
mensagem ao MTA ao qual está ligado; a mensagem é, então,
encaminhada através do Sistema de Transferência de Mensagens
até os MTA associados aos UA dos destinatários, onde um exemplar
da mensagem é entregue a cada UA destinatário. A mensagem
passa a estar sob responsabilidade do UA, que pode, segundo a opção
de seu usuário, armazená-la em uma caixa postal eletrônica
até que o usuário venha a retirá-la ou transmiti-la
diretamente a um terminal predeterminado. Caso a mensagem não possa
ser entregue a um destinatário por um motivo qualquer, o MHS retorna
ao UA originador uma notificação de não-entrega. Quando
a entrega obtiver sucesso, uma notificação de entrega pode
ser emitida ao UA originador se, e somente se, ele tiver solicitado tal
serviço para aquela determinada mensagem ou para um destinatário
específico.
O conjunto dos UAs, MSs e MTAs é denominado Sistema de Tratamento
de Mensagens - MHS. O MHS e todos os usuários associados são
coletivamente denominados Ambiente de Tratamento de Mensagens.
3.2 Estrutura das Mensagens
As mensagens transacionadas em um Ambiente de Tratamento de Mensagens
possuem a estrutura básica de envelope mais conteúdo (de
forma análoga com o sistema postal), como mostra a figura
2. O envelope contém informações a serem utilizadas
pelo MTA durante a transferência e o roteamento da mensagem, bem
como informações sobre os serviços requeridos para
a transferência, como, por exemplo, urgência, entrega postergada
e outros. O conteúdo é composto pela informação
que o agente de usuário originador deseja enviar para seu(s) correspondente(s)
destinatário(s).
No MHS o usuário precisa compor sua mensagem (envelope eletrônico
e texto que corresponda ao seu conteúdo).
.
Figura 2 - Estrutura básica da mensagem
3.3 Aplicação do Modelo do MHS
O modelo apresentado oferece uma grande flexibilidade na sua aplicação
em sistemas de mensagens. Assim, a recomendação X.400 descreve
dois tipos de mapeamento, um físico e outro organizacional.
3.3.1 Mapeamento Físico
Os usuários acessam os UA com o propósito de realizar
o processamento de mensagens, como por exemplo, a criação,
apresentação ou o arquivamento e recuperação
seletiva de mensagens. Durante o processamento de mensagens, o usuário
interage com seu UA via um dispositivo de E/S que pode possuir ou não
inteligência (teclado, display, impressora, etc.). Um UA pode
ser implementado como um, ou um conjunto de processos computacionais em
um terminal inteligente.
Os UA e MTA podem ser implementados em um mesmo sistema de processamento
(UA e MTA co-residentes) ou um UA (ou MS) pode ser implementado em sistemas
separados fisicamente. No primeiro caso, o UA tem acesso aos elementos
de serviço do MTS, interagindo diretamente com o MTA no mesmo sistema.
No segundo caso, o UA/MS se comunicará com o MTA via protocolos
padronizados especificados para o MHS.
É possível também implementar o MTA em um sistema
de processamento sem a funcionalidade dos UAs ou MSs.
Os diferentes sistemas físicos podem ser interconectados por
meio de linhas dedicadas ou redes comutadas. Algumas configurações
físicas possíveis são apresentadas na figura
3 e na figura 4. Entende-se por sistema de processamento
qualquer configuração de computadores, abrangendo micros,
redes locais, ou mainframes que constituam um ambiente onde se deseja implantar
um sistema de tratamento de mensagens.
A configuração física mais adotada é aquela
em que o UA e o MTA residem no mesmo sistema de processamento. Neste caso,
os usuários podem acessar seus UA a partir de um terminal simples,
um microcomputador ou um terminal de vídeo/teclado para enviar e
receber mensagens com a assistência de seu UA.
.
Figura 3 - UA e MTA co-residentes
Figura 4 - UA solitário e MS/MTA e UA/MTA co-residentes
3.3.2 Mapeamento Organizacional
Para permitir a interconexão de diversos Serviços de
Tratamento de Mensagens, sejam eles públicos ou privados, tanto
em nível nacional como internacional, é definido na Norma
X.400 um esquema geral de endereçamento dos UA e, por conseqüência,
de seus usuários.
Esse endereçamento está associado à forma de prestação
do serviço aos usuários e aos requisitos de lhes ser facilmente
utilizável e familiar. Para tanto, a Norma X.400 definiu o Mapeamento
Organizacional que consiste em dividir o Sistema de Tratamento de Mensagens
em Domínios Gerenciais (MD - Management Domain).
Por tanto, uma coleção de pelo menos um MTA, zero ou
mais UAs, zero ou mais MSs, e zero ou mais AUs operados por uma Administração
(prestadora de serviços públicos) ou organização
(entidade privada) constituem um Domínio Gerencial (MD). Um MD gerenciado
por uma Administração é chamado de domínio
gerencial de administração (ADMD - ADministration
Management Domain). Um MD gerenciado por uma organização,
não sendo uma Administração, é chamado de domínio
gerencial privado (PRMD - PRivate Management Domain).
Um MD define os limites em que as administrações ou organizações
podem atuar no oferecimento de serviços de tratamento de mensagens,
garantindo a unicidade dos nomes atribuídos aos seus usuários.
Desta forma, um nome dentro de um MD deve ser único e identificar
um e somente um usuário do MHS global.
Uma organização pode ser entendida como uma companhia
ou uma pessoa física não ligada ao oferecimento de serviços
públicos de telecomunicações/teleinformática.
As relações entre domínios gerenciais são mostradas
na figura 5.
3.3.3 Domínio de Gerenciamento Administrativo
Em um país um ou mais ADMDs podem existir. Um ADMD é
caracterizado por fornecer funções de recepção/envio
das mensagens de/para outros domínios de gerenciamento e por prover
o serviço de transferência de mensagens para as aplicações
fornecidas dentro mesmo do ADMD. Uma Administração pode fornecer
acesso ao ADMD para seus usuários em uma ou mais das seguintes formas:
- do usuário para um UA fornecido pela Administração;
- de um UA privado para um MTA da Administração;
- de um UA privado para um MS da Administração;
- de um MTA privado para um MTA da Administração;
- do usuário para um AU fornecido pela Administração.
Ver também os exemplos de configuração na figura
3 e na figura 4.
UAs fornecidos pela Administração podem existir como
parte de um terminal inteligente que o usuário pode usar para acessar
o MHS. Eles podem existir também como parte do equipamento residente
na Administração que também forma parte do MHS. Em
esse caso o usuário poderá ter acesso ao UA via um dispositivo
de entrada/saída.
No caso de um UA privado, o usuário tem a sua disposição
um UA que interage com um MTA ou um MS fornecido pela Administração,
usando as funções de submissão, entrega e recuperação.
Um UA privado pode ser associado com um ou mais MDs, com a condição
de que as convenções de nome sejam preservadas.
Um MTA privado que forma parte de um PRMD pode acessar um ou mais ADMDs
em um país, seguindo regulamentações nacionais.
3.3.4 Domínio de Gerenciamento Privado
Uma organização pode ter um ou mais MTAs, e zero ou mais
UAs, AUs e MSs formando uma PRMD que pode interagir com uma ADMD ou outro
PRMD. Um PRMD é caracterizado por fornecer funções
de tratamento de mensagens dentro de um domínio de gerenciamento.
Um PRMD pode ter acesso a um ou mais ADMDs como mostra a figura
5. Contudo, no caso de uma interação específica
entre um PRMD e um ADMD (tal como quando uma mensagem é transferida
entre MDs), o PRMD é considerado sendo associado somente a esse
ADMD. Um PRMD pode atuar recepcionando e enviando mensagens a outros MDs
se regulamentos nacionais e acordos bilaterais o permitissem.
Na interação entre um PRMD e um ADMD, o ADMD tem a responsabilidade
das ações do PRMD relativas a essa interação.
Em adição à segurança que o PRMD propriamente
fornece ao serviço de transferência de mensagens, o ADMD é
responsável por assegurar que os processos, qualidade do serviço,
nomes únicos e operações do PRMD, sejam corretamente
executadas. O nome de um PRMD pode ser único a nível nacional
ou relativo ao ADMD associado. Se um PRMD é associado com um ou
mais ADMD, o PRMD poderá ter mais de um nome.
.
Figura 5 - Relações entre domínios de gerenciamento
3.4 Armazenador de Mensagens (MS)
Como os UAs podem ser implementados com uma grande variedade de equipamentos,
inclusive computadores pessoais, o MS pode complementar um UA implementado.
A capacidade de recuperação do MS fornece aos usuários,
subscritos a um MS, as capacidades básicas de recuperação
das mensagens que são potencialmente aplicáveis a mensagens
de todos os tipos. Na figura 6 mostra-se a entrega
e a posterior recuperação das mensagens que são entregues
a um MS, e a submissão indireta de mensagens via o MS.
Um MS atua em favor de um único usuário (um endereço
O/D, originador/destinatário). Quando se esta subscrito a um MS,
todas as mensagens destinadas para o UA são entregues somente a
esse MS. O UA, se encontra-se em funcionamento, poderá receber alertas
quando certas mensagens são entregues ao MS. Mensagens entregues
ao MS são consideradas entregues pelo MTA.
Quando um UA submete uma mensagens através do MS, o MS é,
de forma geral, transparente e submete a mensagem ao MTA confirmando antes
o sucesso da submissão pelo UA. Não obstante, o MS pode expandir
a mensagem se o UA solicitar um forward das mensagens que existem no MS.
Os usuários são também providos com esta última
facilidade.
.
Figura 6 - Submissão e entrega com um MS
3.4.1 Configurações físicas
O MS pode ser localizado fisicamente, com respeito ao MTA, de várias
formas. O MS pode estar colocado junto com o UA, colocado junto com o MTA
ou estar sozinho. Desde um ponto de vista externo, um UA e um MS colocados
juntos não são distinguidos de um UA solitário. Colocar
o MS com o MTA oferece vantagens significantes que a converte na configuração
predominante.
3.4.2 Configurações organizacionais
ADMDs e PRMDs podem operar MSs. No caso dos MSs fornecidos pela Administração,
o subscrito pode fornecer seu próprio UA ou fazer uso de um UA fornecido
pela Administração via um dispositivo de entrada/saída.
Nos dois casos, todas as mensagens são entregues ao MS para a subsequente
recuperação.
4 O Serviço de Transferência de Mensagens
O Sistema de Transferência de Mensagens transmite as mensagens
sem alterar seu conteúdo, este sistema oferece serviços de
armazenamento e envio de mensagens independentemente da aplicação.
4.1 Submissão e entrega
O MTS fornece os meios pelos quais dois UAs trocam mensagens. Existem
dois interações básicas entre MTAs e UAs, ou AUs,
ou MSs:
1. A interação de submissão é o meio pelo
qual o UA, AU ou MS originador transfere para o MTA o conteúdo da
mensagem e o envelope de submissão. O envelope de submissão
contém as informações necessárias para que
o MTS associado proveja os elementos de serviço adequados, bem como
a data, a hora e identificação do MTA de submissão
(equivalente ao carimbo colocado pelos correios).
2. A interação de entrega é o meio pelo qual o
MTA transfere ao UA, AU ou MS destinatário o conteúdo da
mensagem mais o envelope de entrega. O envelope de entrega contem informação
relativa à entrega da mensagem como a data e hora de entrega, as
facilidades requeridas pelo originador, bem como uma indicação
das eventuais conversões de código efetuadas.
4.2 Transferência
Começando pelo MTA do originador, cada MTA transfere a mensagem
a outro MTA até que a mensagem chegue ao MTA de destino, percorrendo
o menor caminho possível e criando o número mínimo
de cópias necessárias. O MTA então entrega a mensagem
ao UA ou MS destino usando a interação de entrega.
A interação de transferência é o meio pelo
qual um MTA transfere a outro MTA o conteúdo de uma mensagem mais
o envelope de transferência. O envelope de transferência contém
as operações relacionadas à operação
do MTS mais os elementos de serviço requisitados pelo UA originador
no envelope de submissão. Contém também a identificação
das cópias criadas durante a transferência, bem como a data,
hora e identificação de cada MTA por onde uma determinada
cópia da mensagem passou.
4.3 Notificações
As notificações no serviço MT compreendem as notificações
de entrega e não-entrega. Quando uma mensagem ou teste não
pode ser entregue pelo MTS, uma notificação de não-entrega
é gerada e retornada ao originador na forma de relatório.
Adicionalmente, o originador pode solicitar especificamente uma notificação
do sucesso da entrega da mensagem através do uso, na submissão,
do elemento de serviço de notificação de entrega.
Em resumo, o Serviço de Transferência de Mensagens oferece
os elementos de serviço relacionados na tabela 1.
Este serviço é básico para o oferecimento de outros
serviços relacionados a mensagens com formas de conteúdo
específicas (por exemplo, memorandos, formulários, documentos
bancários e planilhas).
Tabela 1 - Elementos de Serviço do
MTS
Básico
|
Gerência de acesso
Indicação do tipo de conteúdo
Indicação de conversão
Identificação de data-hora de entrega
Identificação da mensagem
Notificação de não-entrega
Indicação dos tipos de codificação empregados
originalmente
Registro dos tipos de codificação da informação
Indicação de data-hora de submissão
|
Submissão e entrega
|
Permissão para destinatário alternativo
Entrega predatada
Cancelamento de entrega predatada
Notificação de entrega
Revelação de outros destinatários
Seleção de prioridade de entrega.
Entrega a multidestinatários
Prevenção de notificação de não-entrega
Retorno de conteúdo
|
Conversão
|
Proibição de conversão
Conversão explícita
Conversão implícita
|
Controle de Operação
|
Teste
|
Estado e Informação
|
Estabelecimento de destinatário alternativo
Suspensão de entrega
|
.
5 O Serviço de Mensagens Interpessoais
O Serviço de Mensagens Interpessoais [X.420] (IPMS -
InterPersonal Message System) está construído sobre
o Serviço de Transferência de Mensagens (MT Service),
sendo provido por uma classe específica de Agentes de Usuário
(UA), em conjunto com os serviços de telex e telemáticos
(fax, videotexto, etc.) padronizados pelo CCITT.
Esse serviço possibilita a um usuário enviar uma mensagem
interpessoal (mensagem - IP) para um ou mais destinatários e garante
que ela seja recebida. Os usuários do IPMS são tipicamente
pessoas, mas nada impede que sejam também aplicações
automatizadas.
5.1 Modelo funcional do serviço IPM
A figura 7 mostra o modelo funcional do serviço
IPM. Os UA do IPMS (IPM-UAs) correspondem a uma classe específica
de UAs cooperativos. As unidades de acesso opcionais mostradas (TLMA, PTLXAU,
PFAXAU) permitem a os usuários do teletex, telex e telefax se comunicar
com o serviço IPM. O TLMA permite também aos usuários
de teletex participar no serviço IPM. A unidade de acesso para entrega
física (PDAU - physical delivery access unit), permite aos
usuários IPM mandar mensagens a usuários fora do serviço
IPM os quais não têm acesso ao MHS. O armazenador de mensagens
pode ser opcionalmente usado por usuários IPM em seu favor.
Os UA devem:
- possuir as funções necessárias à preparação
de mensagens;
- realizar a interação de submissão com o MTS;
- proporcionar a interação de recepção com
o MTS;
- executar as funções necessárias para apresentação
das mensagens aos usuários destinatários;
- possuir funções que lhes permitam interagir com outros
UA de modo a efetuar os serviços de tratamento de mensagens.
Os elementos de serviços padronizados para o IPM-UA estão
relacionados na tabela 2.
Opcionalmente, um IPM-UA pode dispor de funções de locais
para o seu usuário, além de proporcionar acesso aos elementos
de serviço do MTS. Os serviços locais oferecidos pelos IPM-UA
são aqueles que não requerem cooperação de
outros usuários e/ou de seus UA, e, portanto, não impactam
os protocolos padrões de comunicação associados ao
tratamento de mensagens. Como conseqüência, tais elementos de
serviços locais (por exemplo, facilidades de processamento de texto
ou de acesso a banco de dados para armazenamento e recuperação
de mensagens) de um IPM-UA, que podem ser proporcionados por uma administração/organização,
não estão sujeitos à padronização pelo
CCITT.
.
Figura 7 - Modelo do Serviço de Mensagens Interpessoais
5.2 Estrutura das mensagens-IP
Os UA do IPMS criam mensagens possuindo um conteúdo específico.
O conteúdo específico que é enviado desde um IPM-UA
para outro é o resultado de uma mensagem composta e enviada pelo
originador, chamada mensagem-IP. A estrutura de uma mensagem-IP e sua correspondência
com a estrutura MHS é mostrada na figura 8.
Um envelope é colocado junto com a mensagem-IP para esta ser transferida
através do MTS. O corpo da mensagem-IP pode consistir de várias
partes, cada uma das quais pode ser de um tipo de código de informação,
tal como voz, texto, arquivos, fax e grafos.
Tabela 2 - Elementos de Serviço de
Mensagens Interpessoais
Básico
|
Elementos de serviços da tabela 1
Identificação de mensagens-IP
Tipos de corpo (de uma mensagem-IP)
|
Submissão, entrega e conversão
|
Elementos de serviço da tabela 1
|
Ações entre UA cooperativos
|
Omissão de destinatários de cópias (bcc)
Notificação de não-recepção
Notificação de recepção
Indicação de redestinação automática.
|
Troca de informações entre UA
cooperativos
|
Indicação de originador
Indicação de usuário autorizador
Indicação de data de expiração
Indicação de referência cruzada
Indicação de importância
Indicação de obsolescência
Indicação de segurança
Indicação de assunto
Indicação de resposta a uma mensagem-IP
Indicação de mensagem-IP reenviada
Indicação de criptografia em parte do corpo
Corpo multiparticionado
|
Controle de operação
|
Elemento de serviço da tabela 1
|
Estado de informação
|
Elemento de serviço da tabela 1
|
.
Além disso, a recomendação X.400 do CCITT especifica
que deve ser possível a comunicação de usuários
de telex e de outros serviços telemáticos (fax e videotexto)
com usuários do IPMS. Isto é efetuado através de uma
outra entidade funcional denominada Unidade de Acesso (AU - Access Unit)
que define gateways entre o MTA e os serviços de telex ou telemáticos
correspondentes. Existem recomendações específicas
que definem o interfuncionamento dos serviços de telex e fax com
o MTS.
.
Figura 8 - Estrutura de uma Mensagem-IP
Isto posto, o IPM-UA torna-se uma poderosa ferramenta para automação
de escritórios, permitindo a troca de mensagens e seu efetivo tratamento
entre sistemas heterogêneos. Entenda-se por tratamento todas as funções
que podem ser efetuadas com mensagens, tais quais arquivamento, recuperação
e pesquisa seletiva, como, por exemplo, arquivar por assunto, recuperar
por data e assunto, por originador, garantir confidencialidade determinando
senhas para o acesso a mensagens confidenciais, enfim, as facilidades das
normas X.400 que permitem aos usuários moldar seus ambientes próprios
de automação de escritório.
6 Nomeação e Endereçamento
Um usuário é identificado dentro do MHS por um Nome O/D
(Originador/Destinatário) atribuído ao seu UA por uma entidade
nomeadora do MD ao qual pertence. A cada nome está associada uma
lista de atributos:
- Atributos geográficos: nome do país, nome do domínio.
- Atributos complementares: tais como nome, sobrenome, nome da organização,
nome da unidade organizacional, entre outros.
- Endereço físico ou de rede: permite designar um terminal
conectado a uma rede pública segundo a norma X.121 do CCITT [X.121].
As formas de nomeação e endereçamento possíveis
dão uma grande flexibilidade de utilização e permitem
considerar os sistemas existentes, desenvolvidos antes do surgimento das
Normas X.400. Tais sistemas podem ser interconectados mantendo seus próprios
atributos, embora isto não seja recomendável, uma vez que
exige acordos e desenvolvimentos caso a caso.
O CCITT e a ISO definiram nas normas X.400 duas formas de endereçamento,
sendo que a primeira possui três variantes:
A Forma 1- Variante 1 consiste em:
Nome do País
Nome do ADMD
[Nome do PRMD]
[Nome Pessoal]
[Nome da Organização]
[Nome de uma ou mais Unidades Organizacionais]
[Atributos Próprios ao Domínio]
.
A Forma 1- Variante 2 consiste em:
Nome do País
Nome do ADMD
Identificador numérico e único de UA
[Atributos Próprios ao Domínio]
.
A Forma 1- Variante 3 consiste em:
Nome do País
Nome do ADMD
Endereço X.121
[Atributos Próprios ao Domínio]
.
A Forma 2:
Endereço X.121
[Identificador de Terminal Telemático]
.
Deve-se observar que os atributos entre colchetes são opcionais.
Na Forma 1 - Variante 1 pelo menos um deles deve ser especificado, excluindo-se,
é claro, os atributos próprios a um domínio.
Os endereçamentos da Forma 1, Variantes 2 e 3, e da Forma 2
foram introduzidos para manter compatibilidade com os serviços telemáticos
já definidos pelo CCITT e com outros sistemas de correio eletrônico
existentes. Desta forma, deve prevalecer a Forma 1 - Variante 1 para endereçamento
global nos sistemas de tratamento de mensagens.
Onde as siglas obedecem a uma convenção internacional
publicada em 1992, a ser adotada em cartões de visita, significando:
C = Country (país)
A = ADMD (DGC)
P = PRMD(DGP)
O = Organization (Organização)
OU = Organization Unit (Unidade Organizacional)
S = Surname(Sobrenome)
G = Given Name(Nome)
I = Initials(Iniciais)