(segundo informações verbais transcritas por meu tio Joaquim Pedro Rockenbach ouvido em 1903 - copiadas por A. Benno Rockenbach, 1931, neto do narrador)
Tendo em vista que a palavra escrita tem um valor mais duradouro do que a narração verbal deixei meu pai contar e lancei no papel o que dele ouvi.
Entre nossos avós não há nomes famosos nem grandes políticos, pois meus antepassados todos eram agricultores simples e honrados que tinham que estender seus corpos de acordo com o comprimento da coberta (até hoje há muito mais agricultores e artesãos do que comerciantes com nosso nome).
A tradição se estende sté o início do século XVIII, abrangendo, portanto, 200 anos ao todo.
No início as informações apresentam lacunas, logo a seguir se tornam mais completas e com exceção das linhas laterais, lembradas com breves traços, pode-se garantir a exatidão.
Tradição
No início do século XVIII, vivia em Gelveiler, no então leitorado de Trier, um homem de nome Roggenbach que exercia o cargo de subintendente. Era casado e tinha filhos, quando no início da década de 30 lhe faleceria a esposa. Como não tinha filha procurou uma nova dona-de-casa e casou-se com uma moça que era sua empregada e que era de ..................nascida em Pünderich. Desse matrimônio nasceu um filho......Daniel Rockenbach, 1736.
Quando tinha apenas 3 anos morreu seu pai. Então sua mãe voltou com o pequeno Daniel para Pünderich (sem direito de herança, enteados ingratos etc.).
Lá eles moraram durante 17 anos como pessoas pobres. Então veio a guerra dos 7 anos (1756-63) e Pünderich teve que dar um homem para o exército do príncipe eleitor. A diretora da comunidade ofereceu ao agora jovem de 20 anos, Daniel, o direito de cidadania, se ele se apresentasse como soldado da aldeia. (A aquisição de cidadania custava então 60 táleres pra um estranho....). Ele aceitou e serviu no exército do príncipe eleitor, na cavalaria, durante 7 anos.
Finalmente, depois da paz de Hubertsburg (1763), pôde voltar para sua terra; era agora um belo soldado de 27 anos e muitas mocinhas olhavam com agrado para ele. Após algum tempo casou-se com a filha rica de um burguês, chamada Christina Hees. Dos 13 filhos com que foi abençoado o matrimônio morreram 10 de varicela. Ficaram:
Para o aprendiz começou então uma vida de sofrimentos. O mestre não lhe fazia nada,
mas os seus filhos. A comida lhe era levada na ferraria, e onde os filhos podiam lhe dar
um soco ou pontapé e eles o faziam e o maltratavam de todas as maneiras. Em conseqüência
desses maus-tratos e das saudades de casa ele ficou tão abatido que não podia ficar de pé.
Nesse estado encontrou-o um conhecido que lhe perguntou se não queria ir para casa.
“Para casa! Oxalá estivesse novamente em casa!” foi sua resposta. Mas estava tão fraco que teve que ser transportado. Quanto mais perto chegava de casa, mais forte se sentia, de maneira que pode descer da condução e ir a pé. Chegado em casa em breve novamente estava com saúde.
Mais tarde aprendeu o ofício de carpinteiro de carroças e trabalhou como oficial em diversos lugares.
Como seu pai também lhe tinha dado uma madrasta, não gostava mais de casa e decidiu emigrar para o Brasil, cujo o Imperador Dom Pedro, em 1824 começou a colonizar os estados do sul com agricultores alemães.
Após várias semanas de viagem por terra e por água meu avô (bisavô de A. B. R.)
chegou no inverno de 1827 Bremen, onde teve que esperar 15 semanas até que o navio
de emigrantes, o Albertz, inciasse aviagem marítima com 875 emigrantes levando 14
semanas para chegar ao Rio de Janeiro. No Rio novamente permaneceram 14 semanas até
que finalmente navios pequenos os levaram para Porto Alegre, durando a viagem mais
4 semanas, de maneira que para toda a viagem, de casa até Porto Alegre, precisaram 1 ano.
Após alguns dias de viagem continuou até São Leopoldo, então popularmente chamado o Passo.
De lá foram a Feitoria Velha, onde imigrantes novamente permaneceram quase um ano até
que foram levados para a assim chamada Estância.
As famílias encontraram abrigo junto de agricultores lá residentes e os pais e filhos crescidos começara a desbravar as colônias a eles destinadas: cortaram o mato, construiram uma cabana e plantaram o mais necessário.
O narrador, J. D. Rockenbach, trabalha com um mestre fabricante de carroças, o
“Becker corcunda”, por 80 réis o dia e mais tarde como construtor de cabanas,
enquanto os outros se estabeleceram em São José do Hortêncio e nas 14 Colônias.
Veja maiores detalhes sobre isso no: “Artigo sobre a festa do jubileu de 50 anos
da paróquia São José do Hortêncio”.
O narrador casou-se em 1830 com Margaretha Burg e morou alguns anos com seus sogros.
Então ajudou em 1835 a estabelecer a Picada Nova, onde morou durante 10 anos, em 1845 assumiu a propriedade de seu sogro (hoje, 1931, mora nessa casa um descendente de Marg. Rock, casada com Pedro Braun, chamado Guilherme Braun).
Em 1854, construiu para si uma casa de material onde morou até 1867. Neste ano acidentou-se caindo para trás, pela escada do sótão abaixo, quando carregava um barril e quebrou a nuca.
De seu matrimônio nasceram 8 filhos, como segue:
Filhos | Vivos | Mortos | Netos | Vivos | Mortos | Bisneto | Vivos | Mortos | |
Catarina | 6 | 3 | 3 | 36 | 32 | 4 | 85 | 77 | 8 |
Mathias | 11 | 6 | 5 | 65 | 58 | 7 | 62 | 55 | 7 |
Johannes | 11 | 6 | 5 | 61 | 44 | 12 | 59 | 51 | 8 |
Jacob | 8 | 4 | 4 | 32 | 30 | 2 | 35 | 33 | 2 |
Josef | 12 | 8 | 4 | 65 | 61 | 4 | 54 | 48 | 6 |
Margaret | 11 | 9 | 2 | 84 | 67 | 17 | 49 | 46 | 3 |
Soma:Jacob Rockenbach, nascido a 18 de agosto de 1840, em São José do Hortêncio, casou-se em 4 de junho de 1865, como Anna Margareth Rammes, uma alemã nata.
83 netos - 54 vivos e 29 falecidos
515 bisnetos - 448 vivos e 67 falecidos
403 trisnetos - 367 vivos e 36 falecidos
Filhos | Vivos | Mortos | Netos | Vivos | Soma | Vivos | Mortos | |
Rosina | 6 | 5 | 1 | 23 | 21 | 29 | 26 | 3 |
Wilhelm | 6 | 5 | 1 | 7 | 7 | 13 | 12 | 1 |
Erwin | 1 | 1 | 1 | 1 | ||||
Catharina | 2 | 2 | 2 | 2 | ||||
Johann | 6 | 6 | 3 | 3 | 9 | 9 | ||
Peter | 11 | 11 | 4 | 4 | 15 | 15 |
Soma: netos - 32 ; vivos - 30 ; mortos - 28 filhos, 32 netos, 37 bisnetos, ao todo 77 descendentes dos quais 8 falecidos.
bisnetos - 37 ; vivos - 35 ; mortos - 2
soma - 69 ; vivos - 65 ; mortos - 4
WILHELM ROCKENBACH
Nasceu a 23 de junho de 1872 em Feliz, São Sebastião. De sua juventude não há qualquer notícia e apenas sei que como adulto aprendeu o ofício de ferreiro junto a um senhor Seibert na Feliz e então iniciou uma pequena ferraria na propriedade de seu pai.
Nessa época, conheceu sua futura companheira para a vida. Ela trabalhava como empregada na família de Sebastian Ruschel. Ele era seu tio e seu pai morava em Estrela, onde ela também nasceu.
Em 26 de setembro ambos fizeram a aliança para a vida na casa dos pais de meus pais e alguns dias depois mudaram para Estrela onde meu pai se estabeleceu como mestre ferreiro.
Concorrências baixas e outros acontecimentos fizeram com que eles novamente
empunhassem o bastão da mudança, transferindo sua residência para Santa Clara no
município de Lajeado. Seu matrimônio foi abençoado com 5 filhos, como segue:
Em 6 de junho de 1926 meu pai acidentou-se com uma arma de fogo. À noite foi submetido
a uma operação na clínica do Dr. Welke em Estrela mas infelizmente sem sucesso.
Aos 13 de junho, dia de Santo Antônio, faleceu as 4 horas da tarde.
Deus o recompense com o eterno descanso;
e a luz perpétua o ilumine.
Escrito aos 7 de junho de 1931.