PIAGET, J. e INHELDER, B. Gênese das Estruturas Lógicas Elementares. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1983. 3 ed. 356p. (Capítulo II)
Neste fase das coleções não-figurais, só se pode falar de coleções e não de classes , propriamente ditas, por carência de toda e qualquer hierarquia inclusiva.
Algumas das propriedades desta fase são:
Em outras palavras, os sujeitos da fase não-figural se limitam a classificar todos os elementos do material que são apresentados, os repartem sempre em duas ou várias coleções, contendo cada uma todos os elementos semelhantes e nada mais contendo senão estes. Entretanto, o caráter que distingue essas coleções em relação as classes, propriamente ditas, é invariavelmente a ignorância da inclusão .
Cabe salientar que existem, naturalmente, todos os intermediários entre as coleções figurais e as não-figurais, pois que as seguintes permanecem, como coleções, subordinadas à condição de proximidade espacial dos elementos e só se libertam dessa outra condição segundo a qual a reunião desses elementos deve constituir uma figura definida (em contraste com uma pilha, um amontoado). Portanto, existem todas as transições entre a pertença partitiva, que é constitutiva da coleção figural, e aquilo que se chama de pertença inclusiva ou vinculação de um elemento a uma coleção sem figura.
A segunda forma de transição é a passagem de vários objetos coletivos ou complexos a pequenas coleções que tendem a perder a sua estrutura figural, em proveito apenas da semelhança.
As variedades de coleções inteiramente não-figurais, desde suas formas elementares de justaposição, não-figurais, desde suas formas elementares de justaposição, não-exaustivas, até suas formas diferenciadas e hirarquizadas que simulam a inclusão são:
A evolução dessas coleções respeitantes a objetos ao acaso é exatamente a mesma que a das classificações de formas geométricas. Não reverteremos, pois, a esse processo que consiste, a partir de pequenas e numerosas coleções justapostas, em agrupá-las progressivamente, reduzindo o seu número mediante uma série de comparações ao mesmo tempo retroativas e antecipatórias (em parte), até se obterem algumas grandes coleções diferenciadas em subcoleções coordenadas. Mas o que impressiona, nessas reduções progressivas, é o emprego cada vez mais frequente do quantificador "todos" . Parece, portanto, que a medida que a criança procede à diferenciação das coleções e à redução das pequenas coleções, integradas como subcoleções nas maiores, dá-se um progresso no sentido da coordenação da "compreensão" e da "extensão", o que atestaria, precisamente, esse emprego do "todos" como delimitação dos conjuntos assim formados.