PIAGET, J. e INHELDER, B. Da Lógica da Criança a Lógica do Adolescente. São Paulo: Ed. Pioneira, 1976. 260p. (Capítulo XVIII)
O pensamento do Adolescente se difere do pensamento da criança, ou seja, a criança consegue chegar a utilizar as operações concretas de classes, relações e números, mas não utiliza-as num sistema fundido único e total que é caracterizado pela lógica do adolescente.
O pensamento liberta-se da experiência direta e as estruturas cognitivas da criança adquirem maturidade.Isso significa que a qualidade potencial do seu pensamento ou raciocínio atinge o máximo quando as operações formais encontram-se plenamente desenvolvidas.
A criança não ultrapassa a lógica elementar de agrupamentos ou grupos numéricos aditivos ou multiplicativos, apresentando deste modo, uma forma elementar de reversibilidade.
O adolescente apresenta a lógica das proposições relacionando-a a estrutura de classes e das relações. Apresenta o raciocínio hipotético-dedutivo.
O pensamento formal encontrado nos adolescentes, é explicado pelo fato de se poder estabelecer as coordenações entre os objetos que também originam-se de determinadas etapas da maturação deste sujeito.
No entanto, esta constituição da estrutura, não apenas tem ligação com o aparato maturacional do sujeito, mas também com o meio social no qual este está inserido.Para que o meio social atue sobre os indivíduos é necessário que estes estejam em condições de assimilar as contribuições desse meio, voltamos então à necessidade de uma maturação suficiente da capacidade cerebral deste indivíduo.Este fatores então relacionados dinamicamente.
O adolescente constrói teorias e reflete sobre seu pensamento, o pensamento formal constitui uma reflexão da inteligência sobre si mesma, um sistema operatório de segunda potência, que opera com proposições.
Se o adolescente constrói teorias é porque de uma lado, tornou-se capaz de reflexão e, de outro, porque sua reflexão lhe permite fugir do concreto atual na direção do possível e do abstrato.A lógica não é algo "estranho"a vida do sujeito, é justamente a expressão das coordenações operatórias necessárias para atingir determinada ação.
O pensamento do adolescente tem a necessidade de construir novas teorias sobre as concepções já dadas, no meio social, tentando chegar a uma concepção das coisas que lhe seja própria e que lhe traga mais sucesso que seus antecessores.
É característico do processo de pensamento, os patamares de desenvolvimento, que leva o nível mais elementar de egocentrismo à descentração, subordinando o conhecimento sempre a uma constante revisão das perspectivas.
O raciocínio formal pode lidar com o possível tão bem quanto o real.
Piaget sugeriu que o desenvolviemnto cognitivo e afetivo, durante a adolescência são úteis para a compreensão de muitos aspectos do comportamento do adolescente, até então apenas atribuído `a puberdade ou o despertar da sexualidade.O desenvolvimento, na perspectiva de Piaget, ocorre pelo desenvolvimento intelectual e afetivo necessários e que tem lugar durante a aquisição das operações formais.
Um "equilíbrio" final é alcançado quando o adolescente luta para ingressar-se no mundo dos adultos e adquire seu espaço.Este esforço gera desequilíbrios, à medida que a lógica do adolescente se confronta com os diferentes pontos de vista dos adultos( terceiros), ou seja é um movimento espiral e crescente de reformulações e adaptação.