Uso educacional do infográfico

Por que é vantajoso usar infográficos na educação?

A resposta a esta questão pode ser encontrada analisando algumas teorias cognitivas.

Segundo a teoria do processamento da informação, o cérebro possui:

  • uma memória sensorial, responsável por captar os estímulos provenientes do meio ambiente;
  • uma memória de curto prazo, volátil, também conhecida como memória de trabalho, que pode ser entendida, metaforicamente, como uma agência de produção multimídia que está continuamente manipulando e gerando imagens e sons que são organizados significativamente;
  • uma memória de longo prazo, onde ficam armazenados os esquemas mentais construídos a partir das informações processadas pela memória de trabalho.

No caso da aprendizagem multimídia, o foco está na memória de trabalho por duas de suas características.

  • A primeira diz respeito a sua capacidade limitada de processar informação. Segundo estudos de George Miller (1978 apud COSTA e TAROUCO, 2010), a capacidade de memória de trabalho, ou de curto prazo do ser humano, parece ser de aproximadamente sete itens, mais ou menos dois, ou seja, pode ir de cinco a nove itens (um item pode ser um simples dígito ou uma palavra).

 

  • A segunda é o fato de processarmos a informação por dois canais, um visual ou pictórico e outro verbal ou auditivo, conforme a figura abaixo.

Figura 1 - Processamento dual da informação

Em vista destes pressupostos, o infográfico favorece a aprendizagem ao combinar harmoniosamente texto e imagem. Segundo Clark e Mayer (Mayer 2005), as pessoas aprendem melhor com texto e imagem, uma vez que:

As apresentações multimídia podem incentivar os alunos a se empenharem na aprendizagem ativa representando mentalmente o material em palavras e imagens e fazendo conexões mentais entre as representações visuais e verbais. Por outro lado, apresentar somente palavras pode incentivar os alunos - especialmente aqueles com menos experiência ou conhecimento linguístico – a participarem superficialmente da aprendizagem, por não conseguirem conectar as palavras com conceitos e outros conhecimentos.

Estas concepções corroboram o que afirma Cairo (2008) sobre a importância da infografia, principalmente para os novatos em determinado assunto. Adicionalmente, as imagens nos infográficos são fundamentais para a compreensão do conteúdo, não podendo ser selecionadas por critérios meramente decorativos, ou seja, como imagens que não contribuem para o entendimento do conteúdo (CLARK e MAYER, 2008).

Essa característica do uso integrado de multimídia é salientada por Mayer (2005, 2009) em um dos sete princípios por ele propostos para o desenvolvimento de material educacional multimídia:

  • Princípio de representação múltipla (multimídia) - as pessoas aprendem melhor a partir de imagens e palavras do que apenas de palavras.
  • Princípio de proximidade espacial - as pessoas aprendem melhor quando imagem e texto correlacionados são apresentados próximos entre si (na página ou tela).
  • Princípio da modalidade -as pessoas aprendem melhor quando a animação tem som do que quando a animação tem texto.
  • Proximidade temporal - as pessoas aprendem melhor quando imagem e texto correlacionados são apresentados simultaneamente e não sequencialmente.
  • Princípio das diferenças individuais - as pessoas aprendem melhor quando o material se justa aos seus estilos de aprendizagem e estilos cognitivos.
  • Princípio da coerência - as pessoas aprendem melhor quando imagens, textos e sons não relacionados com o conteúdo são excluídos do material.
  • Princípio da redundância - as pessoas aprendem melhor a partir de animação e narração do que de animação, narração e texto online.

O princípio da proximidade espacial é muito bem atendido com o uso de infográficos. Ao utilizá-lo, evita-se o efeito da atenção divididasplit attention) no aluno, ou seja, a carga cognitiva irrelevante que ocorre quando o estudante tem de integrar duas ou mais partes da mesma informação, mas que estão fisicamente separadas (em páginas diferentes, por exemplo).

Isto porque, conforme Sweller et al. (1998, p. 264): “A atenção do aluno deve ser afastada de processos irrelevantes para a aprendizagem e direcionada para processos que são relevantes para a aprendizagem e, em particular, para a construção e elaboração consciente de esquemas”.

Desta forma, estes subsídios reforçam a que é expresso por Cairo (2010) quando afirma que o principal objetivo de um infográfico é ajudar a cognição do leitor – levando em consideração a capacidade e limites da memória humana –, ou seja, ele deve ser elaborado para que haja uma redução de sua carga cognitiva no entendimento da informação.

Vale ressaltar que estes princípios estão baseados em pesquisas científicas e servem com orientações para que o professor possa criar ou selecionar um material educacional que favoreça o processo de ensino aprendizagem.